A atividade, datada há mais de 100 anos, tem conquistado mais espaço em supermercados, garantindo uma maior venda e sustento para as famílias.
Um doce que é típico da cultura piauiense tem se destacado por meio da produção de agricultores familiares: a rapadura. Produtores do município de Boa Hora têm visto a procura aumentar substancialmente desde que passou a comercializar em supermercados, uma ação viabilizada pela Secretaria da Agricultura Familiar (SAF).
No mês de junho, cerca de 18 fardos de rapadura, com 50 unidades cada, foram enviados à rede de supermercado para a revenda com alto valor agregado, uma iniciativa que visa quebrar as barreiras que existem entre o agricultor familiar e o mercado.

O produtor José Carlos Mourão, que trabalha na Cooperativa de Rapadura de Boa Hora (CoopBoaHora), explica que o processo é feito com esforço, desde a plantação até a produção em engenhos.
“A nossa cana-de-açúcar em Boa Hora é cultivada em um brejo e demora cerca de um ano para produzirmos a rapadura. No engenho, a gente começa a luta de madrugada e seguimos até às 17 horas. O processo é feito com muito esforço, iniciamos com a colheita da cana, que levamos para moer, em um motor, depois a gente cozinha em tachos numa fornalha, adicionamos um extrato da mutamba, para limpar o caldo, e depois cozinhamos até chegar ao ponto da gamela. Depois levamos para as formas para ser moldado e, no final, embalamos a rapadura já pronta para o consumo”, disse.

De acordo com a presidente da CoopBoaHora, Leila Pereira, a SAF vem apoiando a atividade por meio do selo verificado nas embalagens, a venda em supermercados e com diversos outros tipos de assistência, destacando a produção secular, com mais de 100 anos e a atuação da cooperativa, que possui apenas seis anos.
“A nossa produção é centenária. A cooperativa tem apenas seis anos, mas nossos antepassados já trabalham há mais de 100 anos. A SAF tem apoiado nossa atividade por meio do selo verificado em nossas embalagens, a venda em supermercados e com diversos tipos de assistência para nós. É importante para a gente quando nosso produto, de qualidade, chega à população e é comercializado porque nos sentimos valorizados. A agricultura familiar é muito prazerosa e se torna mais ainda quando somos reconhecidos e temos como sustentar nossa família com dignidade. Com a SAF, nossa vida melhorou muito”, afirmou.

Segundo o engenheiro agrônomo da SAF, Bruno Costa, o processo de comercialização ocorre por meio de convênio entre a SAF e uma rede de supermercados, pelo programa Quitanda da Agricultura Familiar, como alternativa de quebrar os entraves comerciais dos agricultores.
“A CoopBoaHora é parceira, faz parte do nosso convênio entre a SAF e a rede de supermercados por meio da Quitanda e esse convênio veio para fazer a ponte entre o agricultor e os grandes comércios que, infelizmente, ainda apresentam entraves de vendas pelo agricultor. Para isso, a cooperativa oferece os produtos mensalmente para a revenda com valor agregado, como forma de valorizar o produto regional que, antes do convênio, não possuía visão comercial”, disse.
Bruno Costa afirma que, no último mês de junho, foram investidos R$ 2.440 para a produção de rapadura na cooperativa. Uma dentre as diversas ações de apoio da SAF para os agricultores familiares do Piauí.
“A SAF é responsável por oferecer assistência técnica desde a produção até a comercialização. A Secretaria ajuda o agricultor a caminhar. O último pedido, em junho, foi no valor de R$ 2.440, um pedido bom porque o valor unitário do produto é pequeno então o volume de produção é alto. No mês, foram enviadas 18 unidades de fardos do produto, onde cada fardo corresponde a 50 unidades. Essa quantidade varia muito, mas fica em uma média de 15 a 20 fardos por mês”, disse.

O engenheiro agrônomo afirma que produzir é difícil e vender ainda é mais trabalhoso, porque ainda é muito complicado para o agricultor introduzir o produto em grandes centros comerciais. Segundo ele, a SAF trabalha em cima dessas dificuldades, por meio da Quitanda, para que os agricultores possam garantir uma renda melhor e sejam reconhecidos pelo trabalho secular.
“A localidade, o transporte, a embalagem, o volume de produção, o fato de ser uma atividade ainda artesanal, são alguns fatores que dificultam o acesso do agricultor ao mercado. Além disso, a cana-de-açúcar também é plantada e colhida por eles próprios, então a produção ainda é rudimentar, repassada de geração em geração”, concluiu.
Fonte: Governo do Piauí